terça-feira, 9 de março de 2010

Contos Que Eu Te Conto

Episódio de Hoje: A Doença

- Analisei todos os seus exames, detalhadamente, e até mesmo mais de uma vez cada um meu caro Lucas. Não há absolutamente nada de errado com você. Nem um resfriado, nem uma célula cancerígena. Nada. - Disse o médico folhando o prontuário na frente do paciente.
- Deve ter algo Doutor. Eu devo ter pegado algo de alguém. Algo contagioso. Isso vem acontecendo com freqüência. Sempre que eu passo um tempo com alguém doente eu simplesmente começo a sentir o que esta pessoa sente. Você tem que me ajudar doutor, me dar uma resposta, me dizer algo, por favor! - Disse Lucas, com os olhos arregalados, encarando os agora assustados olhos castanhos do médico.
- O que posso fazer por você meu caro, é encaminhá-lo para ajuda psiquiátrica! Por que pelo visto essa patologia que você diz ter não é física meu caro, mas sim psicológica - Diz o médico irritado.
Lucas não emite mais nenhum som. Abre a porta da sala e sai. Sai quieto. Sai apavorado. Tenta puxar na memória quando aquilo havia começado. Seria apenas algo psicológico.

A caminho de casa Lucas pega o metrô. Ao seu lado, sentasse uma senhora. Estranha, porém simpática. Ela puxa papo com Lucas. Entre uma palavra e outra sobre o tempo e a péssima fase econômica que o país estava enfrentando Lucas nota algo estranho na mulher. Manchas claras em suas mãos enunciavam: ela sofria de vitiligo. Após mais alguns minutos de conversa a moça despedisse de Lucas e salta em sua estação.
Chegando em casa Lucas trocasse em seu quarto e ao retirar a camiseta nota uma estranha mancha em barriga. Uma mancha clara, que se sobrepunha à pigmentação de sua pele. Meu Deus é vitiligo. Pensa Lucas.
Ele analisa minuciosamente a tal mancha, mancha essa que após alguns minutos, simplesmente desaparece.

Lucas sai pensativo de seu quarto. O que seria aquilo pelo qual ele estava passando? Será que todas as doenças do mundo seriam para ele, algo contagioso. Senta no sofá da sala. Ao seu lado está sua mãe. Ela espirra e limpa o nariz compulsivamente em um lenço. Estou com uma gripe daquelas. Diz ela, entre uma limpada e outra de nariz. Lucas então simplesmente a abraça. Sem dizer nenhuma palavra. Apenas um abraço. Forte. Carinhoso.
Ele então levantasse e vai para o seu quarto. Dorme. Acorda-se mal. Nariz congestionado. Dor insuportável na cabeça. Ele pegará o resfriado de sua mãe. Ao sair do quarto Lucas se depara com ela no corredor. Ela está surpreendentemente bem. Sem nem um sinal de resfriado. Lucas concluía: ele a curou, porém, pegou sua doença para si. Estou amaldiçoado. Pensa ele.

O tempo passa. Lucas agora evita ao máximo pessoas doentes. É taxado de insensível. Desumano. Não liga. Está se preservando. Vive uma situação nova. Uma situação que nem mesmo um médico formado entenderia. Tenta viver o mais normal possível apesar da sua condição não ser assim tão normal.
Era um dia chuvoso. Lucas estava de folga do trabalho. Vai ao cinema. Esbarrasse com uma moça. Conversam. Vão para a mesma sessão. Após o filme saem para comer algo juntos. Papo não faltava. Lucas estava subitamente apaixonado. Ao chegar em casa vomita. Sem razão aparente. Uma dor insustentável toma conta de seus pulmões. Falta ar. Lucas desmaia. Acorda no outro dia. Estava bem novamente, como se nada tivesse acontecido.

Virginia. Esse era o nome dela. Morena, baixa e belamente pálida. De longe a moça mais incrível que Lucas conhecerá. Sempre passavam um bom tempo juntos. Sempre que estavam juntos, Lucas se sentia mal. Aquela falta de ar. O que diabos seriam aquilo. Resolvem namorar então. O pedido partirá de Lucas. Ela aceitará de imediato. Eu te amo. Disse Virginia a Lucas. Segundo Virginia, Lucas lhe fazia bem. Não só mentalmente, mas fisicamente. Lucas não entrou em méritos. Namoraram durante três meses. Após esses três meses Lucas veio a falecer. O motivo: Um câncer terminal nos pulmões. Virginia chorou compulsivamente com a morte do amado.
Após um mês da morte de Lucas Virginia vai ao médico. Na porta do consultório lia-se: Miguel Moura, Oncologista.
Lá dentro o médico a olha. Sorri e diz
-Você está curada minha querida. É um milagre.
-Como assim Doutor?
-O seu câncer simplesmente sumiu. Nunca vi pulmões tão saudáveis como os seus.

7 comentários:

  1. ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh
    Q MARAVILHA!

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  2. CARAAAAAAAAA!!

    Primeiro eu me espantei com o tamanho do texto, mas foi só eu começar a ler 2 linhas que, quando dei por mim, já estava no fim...

    Como vc escreve bem! Eu adorei o texto! Adorei!

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  3. Eu fiz mesma coisa que o "sentado no gramado"
    li uma parte e quando vi tva no fim
    adorei cara, muito bom =]

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  4. CARAMBA! não gostei de o cara ter morrido, mas foi bem bonitinho ele ter ficado com ela mesmo depois que sentiu aquilo :*

    ótimo conto, passa no meu depois ;*

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  5. A exemplos dos amigos acima, quanto vi o texto, respirei fundo e começei a ler! Quando terminou eu disse: mais já?!

    heheeheh... então, bom texto, ótima história

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  6. tmb me espantei com o tamanho do texto, mas não consegui parar de ler, que história incrivel, me prendeu do início ao fim !

    http://tiagocsehak.blogspot.com

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